Alceu Valença detona descaracterização e Chico Cesar não paga forró de plástico!

Secretário de Cultura da Paraíba, o cantor e compositor Chico César, desencadeou um interessante e responsável debate sobre o uso de recursos públicos neste época de São João para favorecer o que chama de "bandas de forró plastificado" ou "forró desgraçado". Para o artista, “elas não têm nada a ver com o autêntico ritmo nordestino, imortalizado pelo pernambucano Luíz Gonzaga.
Há poucos dias, ele anunciou que este ano na Paraíba nenhum recurso público vai ser empregado para custear este tipo de atração. Dizendo que também não vai proibir estas bandas, porque aí estaria discriminando, afirmou em alto e bom som:
“Quem quiser tê-las que as pague. Apenas isso. O Governo do Estado não pretende pagar duplas sertanejas e nem pretende pagar forró de plástico”.
Não demorou para que o cantor e compositor pernambucano Alceu Valença soltasse uma nota em solidariedade a Chico César, atacado por produtores dessas bandas.
Alceu defende a mesma tese de Chico, contrária ao uso de recursos públicos para esse tipo de atração, e sentencia que “festas de São João, São Pedro e carnaval, que no Brasil adquiriram status extraordinariamente significativo, têm sido vilipendiadas com a adesão de pretensos agentes culturais alienígenas, sem o menor compromisso com a identidade do nosso povo”. O forrozeiro autêntico Alcymar Monteiro sempre mostra em suas afirmações defender o verdadeiro forró autêntico criado por Luíz Gonzaga e levado adiante com muito sucesso pelo Trio Nordestino, Marinês, Jackson do Pandeiro, Gerson Filho, Dominguinhos e outros que tantas e tantas alegrias fizeram e fazem aos brasileiros, para Alcymar Monteiro é totalmente contra o forró eletrônico, pois considera como “um forró lambadeado, mal tocado, mal cantado, desrespeitoso e que não vale um tostão furado”.

Gonzaga pediu para forró não morrer

Alceu lembra que ouviu de Luiz Gonzaga, no hospital, “não deixe meu forrozinho morrer” e sugere que se depender de Chico César isso não vai ocorrer.
Além das músicas dessas bandas serem de gosto duvidoso, elas embutem frases preconceituosas e até palavrões nas letras de suas músicas. “São bandas que fazem sucesso às custas do jabá (dinheiro público) e da apologia à violência, desrespeito à mulher, discriminação de minorias e traduzem baixarias em refrões fáceis de gravar” afirma o secretário de cultura do município paraibano de Areia, Ney Lopes.
O alerta dado por Chico César e ecoado por Alceu Valença certamente vai dar o que falar também em Pernambuco, onde essas bandas fazem sucesso não só nas festas juninas, mas o ano todo.
Não se sabe até que ponto vão ter suas apresentações custeadas por recursos públicos municipais, estaduais ou federais, mas seria de bom tom que pelo menos se fizesse um levantamento sobre o que o Governo vai gastar com atrações genuinamente pernambucanas e com este forró plastificado que, sem dúvida alguma, caiu no gosto da juventude.
O ano passado a Prefeitura de Caruaru tentou fugir dele determinando que no São João só se admitiriam atrações culturais divulgadoras do autêntico forró, mas as reclamações foram tantas que este ano o município recuou e abriu brechas para essas bandas se apresentarem.
Como lembrou Chico César e falou Alceu Valença não se pode proibir a música de mau gosto sob pena de causar discriminação, mas, como faz a Paraíba, limitar o uso de recursos públicos para sua exibição na época junina é algo que pode ser pensado e discutido também por aqui.
A época junina seria dedicada ao forró tradicional, favorecendo a autêntica cultura pernambucana e os forrozeiros estaduais, cantores e compositores da melhor qualidade.
Incentivados pelo poder público eles, certamente, carreariam, pelo exemplo, centenas ou milhares de adeptos, fazendo com que novos mestres como Luiz Gonzaga surgissem para elevar ainda mais o nome de Pernambuco no cenário musical brasileiro.

Por Terezinha Nunes – do Diário de Pernambuco.

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