Tradição do Sisal é mantida no municipio de Ichu.


O Sisal, planta de origem Mexicana, introduzida na Bahia por volta de 1903, pelo comendador Horácio Urpia Júnior, tem sido uma fonte de renda para o homem do campo no município de Ichu, cidade do interior da Bahia, região sisaleira do Estado localizada á cerca de 180 km da capital Baiana.

Estivemos hoje, dia 14 de Setembro, na fazenda Boa Vista na zona rural do município de Ichu, à 11 km da sede deste município, acompanhando de perto todos os procedimentos na base de beneficiamento primário da fibra proveniente da planta do sisal. Esta fazenda pertence a família do saudoso Antônio Afonso Mota, conhecido como Antônio de Estevam, a qual agradecemos o apoio de Antônio José Mota que colaborou para realização desta matéria.
Cortador - José Francisco de Almeida
O cortador cortam as palhas no campo, retirando suas pontas que são pontiagudas a qual pode ferir com o espinho. Este processo se dar, a partir das folhas atingirem o comprimento de aproximadamente 120 à 140 cm, resultando em uma fibra de aproximadamente 90 à 120 cm. Após o corte o cortador arruma as palhas no solo para ser recolhido pelo cambiteiro.
Cambiteiro - Lourival da Silva Mota
Por sua vez, o cambiteiro vem recolhendo todas as palhas “FOLHAS” do sisal, colocando em lombos de um animal, que na maioria das vezes são Jegues e estes transportam até o motor que fica próximo. Lá o cambiteiro arruma numa pilha para ser desfibrado ou “SERVADO”.
No motor dois trabalhadores se encarregam de fazer o desfibramento, sendo ele o servador e o resideiro. Este processo é bastante árduo e perigoso, pois muitos trabalhadores já tiveram mãos e braços mutilado nesta máquina. O resideiro tem a função de abastecer a máquina, para o servador efetuar o processo de desfibramento. Devido o trabalho árduo o servador só trabalha em meio período, (cinco horas), sendo substituído por outro profissional.

Durante o processo de desfibramento, o resideiro vai pesando a fibra verde numa balança para controle de sua produção onde posteriormente esta fibra é enviada para o campo de secagem.

Foto - Inlustração
No campo de secagem, um outro trabalhador (a), que na maioria das vezes é uma mulher, realiza o processo de estendimento (processo que espalha a fibra verde) num espécie de varal para facilitar a secagem. Salientando que esta fibra passará ainda por outro processo de beneficiamento final para mais uma limpeza e seleção.

Conversando com o senhor João Alves Moreira, conhecido como Joãozito que é o proprietário do motor (maquina desfibradora), ele nos disse que todo este processo é bastante árduo e que infelizmente não é valorizado. A margem de lucro é muito pequena e as vezes não dar para sustentar a família e só mantém a maquina funcionando por questão de paixão pelo que faz, lamenta. Hoje o preço de 1kg da fibra seca, custa R$1,20 o que é muito barato afirma Joãozito.

O senhor João Alves, ainda disse que Até os trabalhadores ganham muito pouco em virtude do baixo preço da fibra seca, sendo que o resideiro ganha em média R$ 15,00 por dia de trabalho e o servador ganha mais ou menos a mesma coisa, mas porém por meio período de trabalho. O cortador mas o cambiteiro não consegue ganhar mais que R$12,00 por dia o que é muito pouco afirma João Alves (Joãozito).
Do sisal, utiliza-se a fibra das folhas que, após o beneficiamento, é destinada à indústria de cordoaria para fabricações de cordas, cordéis, tapetes etc. Mesmo com toda esta dificuldade, a Bahia hoje, é responsável por cerca de 80% da fibra produzida no país conforme afirma o setor.
Resideiro - Antônio Carlos Santana
Um detalhe muito interessante nos chamou atenção, é que os trabalhadores improvisam um fugão a lenha, feito com pedras bem ao lado do motor (maquina desfibradora), onde cozinham sua própria comida para o almoço do meio dia.


Da Redação do Ichu Notícias

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