Ouça nossa Rádio!

Em entrevista Samuel Pedro relata a história do Marco Histórico do Quilombo Flor Roxa de Praianos

O Marco histórico do Quilombo Flor Roxa fica na região da Fazenda São Caetano que abrange a Serra de Bela Vista ou Serra da caatinga, no município de Serrinha que faz divisa com Ichu
Apesar de ainda não ter a certificação como Quilombola, a comunidade Flor Roxa em Serrinha que faz divisa com o município de Ichu, onde seu povo remanescente de escravos se estabeleceu no século 19 após fugirem das praias do recôncavo baiano, deu origem ao Povoado "Praianos", que hoje pertence a Ichu, na região do sisal.

Foto: Arquivo Samuel Pedro
Com base no Decreto 6.040/2007 que trata sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – PNPCT, a comunidade vem lutando há anos pelo reconhecimento como QUILOMBOLA, luta esta travada pelo líder comunitário, professor e historiador Samuel Pedro Lima da Silva, de 43 anos, que na última quinta-feira, 17 de julho de 2025, recebeu a equipe da Rádio Comunitária Independente FM e do site Ichu Notícias para falar sobre esta linda e emocionante história, desde a sua origem, no século 19, até os dias atuais.

Em entrevista concedida no local, o líder quilombola Samuel Pedro detalhou sobre a luta da comunidade que por muitos anos foi o esconderijo e refugio da população escravizada que buscava a sua liberdade e autonomia, onde também gerou confrontos armados com uma forte resistência e resiliência, dentre outras dificuldades e adversidades que só engrandece ainda mais a história do Marco Histórico do Quilombo Flor Roxa. 
Estrada Imperial ou Estrada dos Tropeiros
Durante a entrevista vários relatos nos chamou atenção. Um deles é sobre a Estrada Imperial que também era conhecida como ESTRADA DOS TROPEIROS (uma especie de corredor) que de acordo com a história passavam muitas pessoas conduzindo animais com mercadorias "derivado da agricultura e ouro" vindos da região de Jacobina com destino ao recôncavo baiano, com passagem na Fazenda Santana dos Olhos D'água, onde originou a cidade de Feira de Santana, sendo crucial na economia e na cultura brasileira da época, abrindo rotas, estabelecendo núcleos populacionais e influenciando a culinária e os costumes locais.
Túnel construído pelo Capitão do Mato no século 19
Outro relato que nos chamou atenção foi sobre o Capitão do Mato, o senhor José Joaquim de Almeida que veio a mando dos coroneis do recôcavo com objetivo de capturar os fugitivos "escravos" e acabou mudando de ideia e se apoderando do local, onde também passou a ser procurado ocasionando diversos confrontos armados. Para dar veracidade a este fato, até hoje existem os escombros de um túnel que segundo Samuel foi construído pelo capitão que usava como uma rota de fuga quando o mesmo era atacado.
Tijolos da antiga capela com marcas de pegada de animal | Foto: Arquivo / Samuel Pedro
Hoje, o Marco Histórico do Quilombo Flor Roxa tem marcas e vestigios que corrobora com a história registrada em livros e detalhada pelo históriador Samuel Pedro na entrevista. São tijolos antigos que de acordo com Samuel era da antiga capela, ruínas do cemitério clandestino, além do próprio túnel construído pelo Capitão do Mato. 

Confira a entrevista completa.
HISTÓRICO DO QUILOMBO DA FLOR ROXA
A Pesquisa de campo sobre Cultura Tradicional Remanescente em Praianos – Raízes Quilombo da Flor Roxa, realizada nesse ano de 2009, por este escritor, Samuel Pedro, garimpou um fabuloso material de estimada importância, acerca da história e principalmente, em excepcional, sobre a cultura remanescente de quilombo presente em Praianos, com, suas origens no Quilombo da Flor Roxa, quilombo que foi formado na primeira metade do século XIX, nas: fazenda e serra São Caetano, por negros escravos fugido, dos “seus senhores”, do recôncavo baiano e da região, e desativado pelo capitão José Joaquim de Almeida – fontes históricas dessas publicações: do jornalista e escritor Tasso Franco e do professor Lafayete Coutinho. Muito se tinha em descrição sobre a história, porém, a cultura não tinha sido antes descrita com minúcia relevante e prioritária atenção aos mínimos detalhes destinados a registrar tudo em sua grandeza, como cada coisa acontecia.

A história de formação e desativação desse refúgio de negros em busca de suas liberdades, situação opostas às vividas nos domínios dos perversos escravocratas, bem como, as informações a respeito de aonde vieram os mesmos, de quando se deram esses fatos, quem desativou o quilombo, a mando de quem e os vestígios físicos e contundentes em substantivos desses acontecimentos históricos. Tudo isso, já fora há muito tempo e recentemente literado, pelos: jornalista e escritor Tasso Franco, no livro Serrinha História e Estória, editado em 1972 e do professor serrinhense Lafayete Coutinho no livro O Boi Barbatão e outras Crônicas de Serrinha. Também recentemente, em 2004, o escritor local, Antônio José de Oliveira, da comunidade de Bela Vista, no livro Principais Raízes do Nosso Povo: O Indígena, O Africano e o português. Tendo ainda, o documentário em vídeo, com titulo, Projeto História e Cultura Afro-brasileiro e seus reflexos-ichu-bahia, produzido em outubro de 2003, pela professora Neja, para sua licenciatura em Geografia pela Uefs. Vale notificar ainda, uma quantidade enorme de informações, que revelam indícios, de uma história afro-diamantizada, que segundo os registros teve início há cerca de 160 anos atrás, em meados do século XIX, e foi transmitida cotidianamente, pelos moradores locais, em destaque os da comunidade de Praianos, porém, essas informações, estavam postas de maneira desorganizada, precisava que alguém tecesse essa organização.

Nesse artigo, O Quilombo da Flor Roxa: Um olhar sobre Remanescência – Parianos uma comunidade Quilombola, que foi escrito com o compromisso de revelar em abordagens específicas, conteúdos essenciais de com foram realizados os trabalhos de campo a construção substancial da pesquisa, a metodologia aplicada, os materiais e recursos fundamentais e, é claro! Os resultados obtidos, leais às metas do projeto de pesquisa, já citado no inicio do texto, e concluído com louvável êxito. Para tanto, se fez necessário, um devido empenho, em sob medida, planejar, instigar, ouvir, gravar em áudio, fotografar, anotar, pesquisar e por fim, documentar tudo, tudo isso, em uma longa e árdua, entretanto, gratificante tarefa de grafar esse belo diamante negro, que é nossa cultura remanescente flor roxense.  

Eis os fatos! Para o sucesso da já citada pesquisa de campo, que durou 5 meses e meio, com devida organização do conteúdo obtido em 40 paginas, e mais de 19:00 horas de entrevistas com os moradores locais – pessoas mais velhas de terceira idade, fez-se necessário: várias entrevistas com os moradores mais velhos de Praianos, atores sociais que prestam serviços na comunidade – pela igreja, pela saúde, pela educação e pela associação de moradores local. O material foi catalogado em: gravações auditivas, fotos e anotações. Foram feitas diversas visitas aos marcos históricos – os vestígios – no local que existiu o quilombo, nas terras e serra do São Caetano. Como referência ou material de apoio, foram utilizados, além das publicações já relatadas neste artigo de caráter reportório, também houve as buscas diversas em sites na internet, com assuntos relacionados ao tema desse projeto.

Os resultados: as origens dos principais e antigos moradores locais, seus descendentes; a rica imensidão cultural, afro descendente, sua complexa e curiosa organização; o modo de viver, sugestivo à vida quilombola, exemplificado num fascinante molde de sistema de vida coletiva, expressa nas praticas e atividades de identidades, tribais, quilombolas, afro-brasileiras ou miscigenadas como: a prática da capoeira como arte e defesa, os diversos tipos e vertentes impressionantes, do Samba e Cantorias de Roda, as letras, os sambadores e como o samba entrelaçavam com as atividades de mutirões, adjitórios e Bois-Roubados; o incrível calendário anual de atividades de força tarefa; a medicina alternativa: os raizeiros ou mezinheiros, os benzedores ou rezadores e a mística do serviço de parteira; a culinária; a forma de produzir na agropecuária; as rezas do mês de setembro; as lendas e mitos; as mudanças pontuais, a partir do advento do catequismo, do evangelismo e do êxodo rural. Essas informações foram passadas pelas pessoas mais velhas de nossa comunidade de Praianos, para mim estimadas figuras mestres e mestras dos saberes e de bem viver a vida popular real, a essas pessoas, esse simples modesto, curioso e anotador de fatos, deve muito respeito, admiração e pede-lhes a benção!

Durante alguns momentos da pesquisa tiveram bate-bola, Pedro Genir – entrevistado nas questões atuais, e acompanhante de em algumas entrevista – atual presidente da associação de moradores de Praianos, com a escola Dr. Ipê – intercambio pedagógico: destaque semana da cutura promovida pela escola (a pesquisa estava na 3ª etapa) e com a Uneb Serrinha, através de dois grupos de estudantes de Pedagogia pela disciplina de Atrompologia – destaque para a alta pontuação que essas equipes receberam na faculdade com o resultado obtido ao pesquisar sobre esse assunto, onde foi cedido informações a elas, em entrevista com este pesquisador, em respostas aos dados recolhidos na Pesquisa de campo sobre Cultura Tradicional Remanescente em Praianos – Raízes Quilombo da Flor Roxa (a pesquisa estava na 3ª etapa). A Pesquisa de campo sobre Cultura Tradicional Remanescente em Praianos – Raízes Quilombo da Flor Roxa, foi um acontecimento a parte, a esses outros trabalhos – de objetivos e resultados relevantes, porem com efetivação desprendida da pesquisa (sendo assim independente a Pesquisa de campo sobre Cultura Tradicional Remanescente em Praianos – Raízes Quilombo da Flor Roxa) toda estruturada por este que ora escreve esse artigo, os momentos de integração descritos, foram valiosos para no tocante a visibilidade e difusão do assunto. No tocante a esses momentos de integração, considera-se devidamente, o fato de ter havido um momento que já está posto como importante para a questão maior que é a elevação de nossa cultura remanescente do Quilombo da Flor Roxa.

Samuel Pedro Lima da Silva – Quilombola  

Histórico do Quilombo extraído do AL Notícias 

Comentários