Descaracterização dos Festejos Juninos se torna cada vez mais evidente!

É indignante e constrangedor o quanto os Festejos Juninos estão sendo alvo de descaraterização e falta de compromisso do Poder Público. Na verdade o que se vê é o dinheiro público sendo usado para fazer de uma festa tão linda e tradicional uma verdadeira obra de fachada. A gente fica a se questionar: para que tanta arrumação nos arraiás das cidades com bandeirolas, balões, retratos de sanfonas (o que por sinal é muito lindo), mas se o que vemos na verdade é um grande contradição ou seja um grande número de bandas que não fazem nada além de ocuparem o espaço reservado ao autêntico forró de raíz para se promoverem e desqualificarem o forró criado pelo nosso Rei do Baião Luíz Gonzaga e levado adiante por tantos e tantos sanfoneiros e grupos musicais que tinham o compromisso de levar alegria para todos trazendo em seu repertório mensagens que falam do amor de uma forma pura e inocente sem maldade, mensagens que falam da natureza, do sertão, das alegrias, lutas, festas, enfim temas que representavam a originalidade. Hoje vemos grupos que além de desvalorizar a cultura, ainda apelam para as letras pejorativas e que às vezes ferem até a imagem das pessoas com com frases repetidas de forma maldosa e sem sentido. De que adianta colocarem a sanfona nessas bandas que se dizem de forró mas que seu som não é ouvido pelo fato de colocarem outros instrumentos que não tem nada a ver com a Festa Junina... enfim não respeitam a tradição. De que adianta falar bem do nosso mestre Gonzagão se na verdade não respeitam o que ele criou e mais "assassinam" o forró com a "involução" ou evolução à marcha-ré que é empurrada goela abaixo dos jovens que por inocência ou por falta de conhecimento acabam aceitando a imposição desse "lixo cultural". Muitas vezes o sanfoneiro ou um pequeno trio de forró que não cobram cachês caros é discriminado e não tem espaço nos Festejos Juninos ficando esquecidos, e o pior: são substituídos pelas bandas que levam rios de dinheiro, mas não trazem em seus shows nada que represente o verdadeiro São João. A Festa Junina merece mais respeito e é preciso consciência por parte do Poder Público, grandes empresas, Secretarias de Cultura e a mídia em geral para que essa cultura que foi construída com tanto esforço não acabe assim dessa forma sendo descaracterizada, manipulada e jogada numa lata de lixo!

Comentários

Parabéns a todos os companheiros da Independente pelo senso crítico e compromisso com a identidade cultural de seu povo, do ichuense-baiano-nordestino!
Infelizmente na primeira noite do arraiá da cidade de Ichu só tivemos forró com Coisa Nossa, grupo da nossa cidade, que se apresentou de madrugada, por volta de 01h30min, quando a maioria das pessoas já tinha se cansado do lixo cultural e ido embora (tamanha a decepção com as primeiras bandas, que de forró só sabem usar/abusar/desqualificar o nome).
A sensação que tenho é a de que recebemos um presente de grego: a ornamentação maravilhosa, elevando nossa cultura, Gonzagão – o Rei do Baião/Forró (nesse aspecto a organização merece elogios) em total contradição com o conteúdo musical das bandas “de fora”. Resultado, tá tudo muito bonito por fora (casca/embalagem) mas o conteúdo musical, a essência, é frustrante! Ninguém ouve/dança forró.
É preciso que as autoridades responsáveis pela organização de eventos culturais populares como o São João usem adequadamente o dinheiro público (nosso sagrado suor captado por impostos) para valorizar a cultura nordestina/regional/local, especialmente as bandas/grupos locais que geralmente recebem uma miséria de cachê (se comparado aos “de fora”) além de receber por último, meses e meses depois (às vezes no fim do ano).
Até quando teremos sanfoneiros e forró autêntico produzido por ichuenses com essa maneira de tratar a cultura e os grupos locais?! Fica minha indignação e repúdio a essa alienação cultural promovida com o dinheiro público!

Edivan Carneiro - Educador, comunicador, cidadão
Maicon disse…
Levante o dedo quem nunca participou de festejos juninos! Talvez essa abrangência tão grande seja uma das explicações para o fato de ano a ano crescer a empolgação das pessoas ao redor dos festejos juninos. Os "arraias" já adentraram o mês de julho de modo que as festas "juninas" estão sendo extensões das festas de junho. E aqueles folguedos que se realizavam de forma um tanto contrita e religiosa entraram pelos portões das escolas como formas de arrecadação de fundos para a manutenção em seu abandono; e vamos além: nos dias atuais estão expostas nos pátios e balcões e vitrines de todos os gêneros de comércio.
Explora-se a imagem, deturpada, do caipira e os produtos da roça. Exploram-se a linguagem e se vende de tudo: tudo vira comércio; e a gente já não sabe mais o que faz parte da cultura tradicional e folclórica e o que é produção comercial consumível e descartável. Hoje se fatura com as festas juninas tanto quanto se fatura com o natal ou o dia das mães e dos namorados e das crianças... O capitalismo que nos cerca tem transformado tudo em moeda de troca e fez isso, também coma as nossas tradicionais festas juninas. Dessa forma, os festejos populares também se transformaram em meios de comércio.
Nestas alturas seria bom recuperar um pouco da história dos festejos juninos. Principalmente porque até suas origens estão misturadas com as lendas e as explicações fantasiosas que, antes de embelezar o folclore, atiçam as relações comerciais. Será que seriamos capazes de nos lembrar os por quês desses festejos?
Hoje o que as organizações sabem fazer e só ornamentação e se priva somente nisso. Onde esta a musica? Será se nos somos obrigados há todos os anos escutar a mesma coisa um “FORRO DESTRUIDO” onde fica nossa Historia?
Grande abraços a todos do blog.
ROMÁRIO ALMEIDA CARNEIRO "MAICOM"