Forró pé de serra está sendo excluído das festas de São João.

O secretário Estadual de Turismo, ex-deputado federal Domingos Leonelli, fez o seguinte comentário durante o lançamento oficial do SÃO JOÃO DA BAHIA de 2010: “89% do turista que vem para o nosso São João prefere o Forró Pé de Serra”.

Ouvimos e ficamos a nos perguntar: se há um reconhecimento de que o Forró Pé de Serra é o ritmo mais puro da nossa tradição junina e que o turismo é uma vertente econômica importante no nosso estado, por que então os gestores da política cultural deixam de fora de suas programações oficiais justamente os forrozeiros pé de serra para contratar bandas que tocam lambadas e outros ritmos pré-fabricados com palavreado pejorativo e imoral para o consumo descartável e estimulam performances que desqualificam a nossa mais valiosa cultura nordestina?

Graças a esses gestores os novos ritmos criados para explorar as massas em outros “carnavais” agora tomam de assalto os espaços de raízes do nosso patrimônio cultural, e excluem aqueles que de fato produzem a cultura, que se preocupam em manter tradições culturais para não perder sua identidade neste mundo globalizado.

Vale ressaltar que os forrozeiros pé de serra sobrevivem justamente de contratos das festas de São João e, na medida em que são substituídos por aqueles que já têm contratos milionários durante o ano inteiro, no Nordeste, no Brasil e em outros países, têm vivido sérias dificuldades financeiras.

Neste sentido, podemos constatar aqui duas violências praticadas pela ausência de uma política cultural séria nos nossos municípios: contra a nossa cultura, quando deixam fora dos palcos o nosso tradicional Forró Pé de Serra e os substituem pelos milionários do Axé Music, por ex, e contra a sobrevivência daqueles que efetivamente produzem a cultura que, como disse o Secretário do Turismo, os 89% dos turistas que visitam o São João da Bahia vêm buscar (e nós, míseros nativos, também).

Um dos grandes nomes do forró autêntico Dominguinhos tem razão quando disse em referência às novas bandas de Forró que estão no mercado descartável e se apresentam com nomes absurdos e desqualificantes: Esses caras tem que inventar outro nome para porcaria que fazem e deixar a nossa sagrada palavra “FORRÓ” com a gente que tem vocação, ama e sabe fazer FORRÓ de verdade.

Outro comentário de Dominguinhos no jornal A TARDE se refere á falta de respeito dessas bandas que apelam e desqualificam a imagem da mulher e ainda gritam para a platéia: “VAMOS VER AS RAPARIGAS TODAS DESSE LADO”. É muitíssimo provável que as mães, irmãs, esposas, amigas de alguns destes gestores pouco comprometidos com a cultura estejam lá.

Lembrando que na cultura do interior nordestino “rapariga” tem um sentido pejorativo e essas bandas quando o utilizam sabem bem o seu significado. Falta a estes gestores também visão econômica quando desconhece ou não leva em conta o gosto dos 89% dos turistas que preferem o PÉ DE SERRA, não fortalece e valoriza a sua cultura local, não produz seus valores artísticos e não tem compromisso com a identidade cultural do seu povo.

Devemos tomar muito cuidado para que a cultura do nosso povo seja respeitada e mais valorizada e não sejam publicados rótulos falsos, pois muitas vezes usam-se os símbolos juninos apenas como fachadas, mas na prática nada disso funciona!

Fonte: BahiaJá

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